Ontem, meu primeiro dia no projeto mais educação, como
voluntaria na área de letramento (português), conheci meus colegas de trabalho
e em seguida os alunos de um colégio público de Várzea Grande.
Como eu não tinha noção do que os alunos estavam aprendendo
e quais eram as dificuldades deles, decidi que iria fazer uma recreação
educativa com a finalidade de observá-los. Foi o que fiz, separei a turma de
dezesseis alunos em duas “equipes”. A
equipe A escolhia uma palavra para a equipe B soletrar, e vice e versa, logo
iniciamos a recreação, e dois alunos, ficaram no canto, achando tudo muito
chato, e cheios de vontade de me irritar, perguntei o nome deles e um me
respondeu: W..... rindo da minha “cara”, o outro disse: J......., entrando na
brincadeira, eu não me intimidei com a “zuação” deles, e logo comecei a conversar com eles, sobre a atitude de não
participarem. E do nada perguntei: O que vocês querem ser quando crescer? O
mais velho W abaixou a cabeça e riu, e disse: Nada, ou ladrão. Eu disse: Nossa,
e você J também quer ser ladrão? O W riu
e disse: esse ai não sabe nem roubar uma balinha! . Eu assustada querendo os
fazer entender o que siguinificava aquelas palavras, e o tipo de vida que eles
teriam caso entrassem nessa. Surgiu a pergunta: Vocês sabem como é um presídio?
Ou melhor, morar nele? O W respondeu: Eu sei nada mal. Eu retruquei: Como
assim? Você foi visitar quem lá? Ele olhou pra mim (com risos) e disse: Fui
visitar eu mesmo. Eu disse: Como assim? Ele respondeu: Eu “tava lá no Pomeri”.
Eu retruquei: O que você fez pra ir parar lá? Ele: Envolvi-me em roubo de moto.
A partir daí não tive mais o que perguntar, o W ficou se achando o “cara”, que
assusta todo mundo, o “bonzão”, e eu fiquei com extrema vontade de demonstrar a
ele que as coisas não funcionam assim, que o mundinho que ele tava escrevendo
na vida dele, era um buraco sem saída. Mais esse tipo de conselho pra ele não
resolveria nada, eu preciso é de ações.
Parece que o projeto precisa ter mais aluno na parte da
manhã, para continuar acontecendo, eu já penso o contrario, ali são dezesseis a
vinte e cinco crianças, ou seja, dezesseis a vinte e cinco famílias, que estão
tendo a oportunidade de terem filhos melhores, famílias que enquanto os pais trabalham
os filhos não estão na rua, e sim tendo educação e lazer, que é recomendado em
seu estatuto. Se uma criança daquele projeto que foi beneficiado, crescer e
levar adiante os conhecimentos e princípios que obtiveram nesse. Pra mim já
valeu todo meu esforço e minha dedicação.
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