quinta-feira, 10 de maio de 2012

Convivendo com a Realidade Social


Ontem, meu primeiro dia no projeto mais educação, como voluntaria na área de letramento (português), conheci meus colegas de trabalho e em seguida os alunos de um colégio público de Várzea Grande.
Como eu não tinha noção do que os alunos estavam aprendendo e quais eram as dificuldades deles, decidi que iria fazer uma recreação educativa com a finalidade de observá-los. Foi o que fiz, separei a turma de dezesseis alunos em duas “equipes”.  A equipe A escolhia uma palavra para a equipe B soletrar, e vice e versa, logo iniciamos a recreação, e dois alunos, ficaram no canto, achando tudo muito chato, e cheios de vontade de me irritar, perguntei o nome deles e um me respondeu: W..... rindo da minha “cara”, o outro disse: J......., entrando na brincadeira, eu não me intimidei com a “zuação” deles, e logo comecei  a conversar com eles, sobre a atitude de não participarem. E do nada perguntei: O que vocês querem ser quando crescer? O mais velho W abaixou a cabeça e riu, e disse: Nada, ou ladrão. Eu disse: Nossa, e você J também quer ser ladrão?  O W riu e disse: esse ai não sabe nem roubar uma balinha! . Eu assustada querendo os fazer entender o que siguinificava aquelas palavras, e o tipo de vida que eles teriam caso entrassem nessa. Surgiu a pergunta: Vocês sabem como é um presídio? Ou melhor, morar nele? O W respondeu: Eu sei nada mal. Eu retruquei: Como assim? Você foi visitar quem lá? Ele olhou pra mim (com risos) e disse: Fui visitar eu mesmo. Eu disse: Como assim? Ele respondeu: Eu “tava lá no Pomeri”. Eu retruquei: O que você fez pra ir parar lá? Ele: Envolvi-me em roubo de moto. A partir daí não tive mais o que perguntar, o W ficou se achando o “cara”, que assusta todo mundo, o “bonzão”, e eu fiquei com extrema vontade de demonstrar a ele que as coisas não funcionam assim, que o mundinho que ele tava escrevendo na vida dele, era um buraco sem saída. Mais esse tipo de conselho pra ele não resolveria nada, eu preciso é de ações.
Parece que o projeto precisa ter mais aluno na parte da manhã, para continuar acontecendo, eu já penso o contrario, ali são dezesseis a vinte e cinco crianças, ou seja, dezesseis a vinte e cinco famílias, que estão tendo a oportunidade de terem filhos melhores, famílias que enquanto os pais trabalham os filhos não estão na rua, e sim tendo educação e lazer, que é recomendado em seu estatuto. Se uma criança daquele projeto que foi beneficiado, crescer e levar adiante os conhecimentos e princípios que obtiveram nesse. Pra mim já valeu todo meu esforço e minha dedicação.

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